Desde o nascimento o ser humano vai construindo sua história e personalidade, através, da cultura de onde vive, dos comportamentos e costumes da família, das pessoas que convive, que tem contato e de muitas outras variáveis, também recebe características físicas e de personalidade geneticamente.
Durante sua infância e adolescência e até na vida adulta tudo que vivencia, tudo o que sente , tudo o que vê, ouve, toca, percebe, interpreta, degusta, gosta, não gosta, cheira, emociona, enfim, tudo o que se passa na vida de cada pessoa, ajuda a formar as diferentes personalidades com suas maneiras de ver, perceber o mundo, a si mesmo, as pessoas, o futuro, seu passado.
Algumas pessoas vivenciaram situações difíceis, com emoções intensas, algumas duradouras ou que se repetiram, impactaram e abalaram a estabilidade emocional.
Qualquer evento marcante considerado traumático ou não, pode acionar mecanismos físicos e psicológicos para que se defenda da situação ocorrida caso ela venha a se repetir.
Quando uma situação ativadora acontece, aciona as crenças e suposições distorcidas que a pessoa tem a respeito de si, a situação é percebida como ameaçadora, seu organismo percebe que algo ameaçador pode acontecer, prepara seu corpo com comportamentos e substâncias fisiológicas para reagir e proteger a integridade psicológica.
Estes comportamentos e reações podem ser de evitação a relacionamentos íntimos, isolamento social, relacionamentos superficiais, para não mostrar defeitos por medo de crítica e abandono, auto sacrifício para receber amor, atenção, carinho, etc.
Aqui falaremos de pessoas que em sua história de vida passaram por situações que foram interpretadas ou sentidas como abandono; como não atendimento às suas necessidades; entenderam que não foram cuidadas; que foram rejeitadas; para as que tiveram tudo, mas de forma insuficiente ou que interpretaram como insuficientes.
Geralmente as situações dessa natureza impactam com maior intensidade quando ocorrem em família, na infância, nas relação com os pais, nas relações familiares.
Acontecem quando as necessidades de pertencimento a uma família, de afeto, carinho, carícia, presença e necessidades fisiológicas não são atendidas. a construção da personalidade não fica “completa” é como se faltasse algo, a pessoa com esta falta tende a procurar algo para se completar e, na maioria das vezes, procura nos outros, não em si mesmo.
Podem ocorrer pensamentos como: “se eu não recebi o suficiente para ter minhas necessidades atendidas pelas pessoas que eram as mais importantes para mim, é porque não mereço, se não mereço é porque sou ruim, posso ter algum defeito, se sou ruim é porque sou inadequada, estranha - ninguém vai se interessar por alguém como eu, vou morrer sozinha”...
Esta crença destrutiva pode se fazer presente por muito tempo ou por toda vida, se a pessoas não fizer algo que reverta esta situação.
Existem mulheres belas fisicamente que não conseguem perceber isso pois, sempre foram muito criticadas e criam sua autoimagem baseada na crença construída por tudo de ruim que ouviu sobre sua aparência.
Pessoas inteligentíssimas, competentes que não se enxergam de maneira real, mas distorcida, através de conceitos que lhe foram repetidos a ponto de tornarem verdadeiros e difíceis de serem dissolvidos.
É uma situação complicada em que a pessoa não consegue perceber outra forma segura de se comportar sem sofrer, não consegue fazer diferente.
Uma característica de pessoas com comportamentos disfuncionais tendem a perceber de maneira restrita as soluções para seus problemas, não conseguem ver as várias soluções que cada problemas possui.
Entende-se como disfuncionais os pensamentos, sentimentos e comportamentos que funcionam contra o bom desenvolvimento da própria pessoas.
É bom informar que não serão muito úteis os conselhos dos amigos e parentes, pois, o problema não é da situação atual, pode ser de alguns anos passados, da adolescência e principalmente da infância.
Quanto mais “grave” o problema, quanto mais pessoas envolvidas nas situações problema, mais situações atuais ativarão o esquema e provocarão a angústia e mal-estar.
Esta pessoa pode também tentar ser super perfeita, e impor para si um modelo perfeito e inatingível físico, sexual, intelectual, acadêmico, financeiro ou cultural para seguir e alcançar, assim, em sua fantasia, não mais seria passível de críticas.
Porém, ela sempre irá se comparar com outras pessoas, pois os outros e suas vidas, em sua percepção, são incríveis e sem defeitos, qualidade que ela, apesar do esforço sobrenatural e impecável jamais conseguirá alcançar.
Não irá alcançar, não por ser incapaz, mas porque sempre encontrará um defeito para substituir o anterior já resolvido, pois o problema não é na aparência, não é sexual, não é econômico, financeiro ou cultural é de autoestima.
O maior “adversário” dela é ela mesmo, que de uma forma extremamente tirana se torturará por qualquer falha cometida.
Um dos grandes problemas de pessoas que estão com a autoestima baixa e consequentemente com seus limites pessoais não bem definidos, é que ao se relacionar com amigos e namorados que a rejeitam, criticam, humilham, elas se tornam mais autocríticas e aumentam seu padrão de perfeição.
Isso faz com que se preocupem e se vigiem para que não errem, que aumentem seu repertório comportamental para tentar ser o mais perfeita que puder, pois se algo que fizer for diferente do planejado, ela vai sofrer e se autoflagelar.
Como exemplo uma mulher pode fazer papel de amante, mulher, amiga perfeita, anfitriã perfeita, para agradar os outros.
Uma pessoa que em sua história de vida foi muito criticada pode escolher inconscientemente pessoas importantes para se relacionar que sejam bastante críticas e que a humilham ou a fazem sentir menos que os outros, evita tudo que pode ser constrangedor por receio do abandono.
A pessoa que se sentiu abandonada, pode escolher pessoas que não estão livres para relacionamento ou que são imprevisíveis, para continuar o ciclo do abandono e podem se tornar bastante controladoras para tentar não serem abandonadas.
As que não receberam muito amor carinho e afeto podem buscar pessoas frias e distantes e podem fazer exigências fora do comum para não serem atendidas e continuarem o ciclo.
Os que não tiveram regras e limites ou reconhecimento de seus esforços podem desenvolver atitudes de sempre fazer tudo pelos outros por medo de serem rejeitados ou de sofrer retaliação.
Os que sofreram abusos, podem encontrar pessoas para se relacionar que sejam carinhosos, mas que não são de confiança, eles não confiam em ninguém e vivem hipervigilantes.
Pessoas que tiveram muitas perdas, veem apenas o lado negativo das coisas, reclamar, perceber tudo como sofrimento.
Estas pessoas “escolhem” parceiros relacionamentos íntimos de amizade ou românticos com características que as fazem sofrer, não porque elas gostam de ser criticada, humilhadas, abandonadas, não atendidas, abusadas!
Elas o fazem porque esta é a forma aprenderam que as relações funcionam, é como se o radar delas só detectasse e elegesse pessoas com estas características para que elas se envolvam, elas também podem optar por se preservar e evitar se relacionar intimamente e manter somente relacionamentos superficiais para que não tenham acesso à sua vida ou intimidade.
Ao não encontrar pessoas com estas características, elas podem exibir comportamentos que estimulem os comportamentos citados acima nas outras pessoas.
A melhor forma para ajudar pessoas com este tipo de sofrimento é a psicoterapia, na Terapia Comportamental Cognitiva existem técnicas para trabalhar com esquemas cognitivos muito eficazes para casos como esses que possuem “raízes” bem profundas, geralmente na infância ou adolescência.
Agende sua consulta.
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